A paciência da semente e o Reino de Deus em Mc 4,26-34
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SALMO 22: O SENHOR É MEU PASTOR!
O cuidado e o pastoreio no Sl 22
ZAQUEU: O “HOJE” DE UM MILAGRE, O ACOLHIMENTO DO SALVADOR, EM LC 19,1-10
Lc 19,1-10: Zaqueu, o hoje deu um milagre!
CRISTO, REI DO UNIVERSO, E O JUÍZO FINAL NA INSPIRAÇÃO DE MT 25,31-46
Não existem três tipos de amor!
Madalena: uma mulher além do seu tempo e não prostituta!
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Nas ondas do mar da vida há sempre um pai a nos dar as mãos. Mt 14,22-33
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Doença, saúde e sofrimento na Bíblia e nas religiões
Doença, saúde e sofrimento na Bíblia e nas religiões
Morte e Sofrimento fazem parte da condição humana
Quando morre um ente querido, uma pessoa que tanto amamos, dor, sofrimento e saudade invandem a nossa existência.
17º DOMINGO DO TEMPO COMUM (24 de julho)
A sabedoria é o caminho
Frei Jacir de Freitas Faria, OFM
I. INTRODUÇÃO GERAL
As leituras de hoje se entrelaçam na dinâmica da sabedoria divina que o rei Salomão não soube usar com o desejo incansável de um agricultor e um comerciante que busca o reino pregado por Jesus, que exige decisão, empenho e discernimento de um escriba intérprete. Caso contrário, cada um deverá pagar pela sua opção, sendo rejeitado ao separar coisas boas das ruins, assim como o joio e o trigo, que refletimos nas semana anterior. A primeira leitura e o evangelho, complementados pelo terceira, são de uma tamanha simplicidade e de uma profunda mensagem de fé e esperança. Vejamos.
II. COMENTÁRIOS DOS TEXTOS BÍBLICOS
Salomão ficou famoso na historia bíblica por causa de sua sabedoria. É muito conhecido o episódio das duas mulheres prostitutas que brigavam por um mesmo filho (1Rs 3,16-28). Salomão soluciona o caso mandando partir a criança ao meio e dividi-la entre as duas. Quando uma mãe reage dizendo que poderia dar o filho para a outra, que aceitou a proposta do rei, Salomão logo conclui que a primeira era a verdadeira mãe, e ordenou que ela fosse considerada a mãe legítima. E o rei foi louvado pela sua sabedoria ao julgar. Na leitura de hoje, Salomão pede a Deus sabedoria para governar, julgar com equidade e bom senso ao discernir. Deus lhe concede além do pedido: um coração sábio e inteligente, com ninguém teve antes de ti e ninguém terá depois de ti (v. 12). No mundo bíblico, o coração é a sede do pensar e do conhecimento. É isso que Deus esperava de Salomão: sabedoria para governar. O leitor menos avisado logo pensará que Salomão, fazendo uso da sabedoria divina, terá feito um ótimo governo em Israel. Não é bem assim. Salomão explorou o povo com duros trabalhos, tirou o povo da roça e os levou para Jerusalém, de modo que pudesse com trabalhos pesados construir um suntuoso templo em Jerusalém, impôs-lhes um jugo pesado de impostos (1Rs 5,12-12,11). Quando ele morre, o seu reino foi dividido em dois, entre norte e o sul, Israel e Judá, respectivamente. O povo clama por alívio, mas, seu filho e sucessor, Roboão, prometeu que governaria com dureza ainda maior: -“meu pai vos castigou com açoites, e eu vos açoitarei com escorpiões”, respondeu-lhes. Diante disso, surge a pergunta: por que, então, a nossa primeira leitura de hoje, 1Rs 3, 5.7-12, enaltece tanto a Salomão? A resposta é simples: o texto se refere ao início de sua atividade governamental. Ainda como em nossos dias, muitos governos iniciam bem o mandato, mas acabam se vendendo para a corrupção, a exploração e tantos outros “aos” sobre o povo, que ninguém pode suportar. “Nada há de novo debaixo do sol”, já registrou a sabedoria de Eclesiastes 1,9. Salomão não soube usar a sabedoria que Deus lhe deu. A sabedoria de Deus é coisa boa, mas o ser humano, assim como tanto salomões de hoje, a desvirtua para o mal, pois não sabem discernir entre o bem e mal. Para que isso aconteça é preciso muita sabedoria. E que vemos, na sequência, no evangelho de hoje.
Terminando o discurso de Jesus em parábola, a comunidade de Mateus conserva outras três: tesouro, pérola e rede. Todas elas procuram ligar a sabedoria com a busca incessante do reino de Deus. Destaque, no entanto, para a última, que é explicada alegoricamente, ligando o separar os peixes do pescador com o fim do mundo.
O reino de Deus, na primeira parábola, é comparado ao tesouro encontrado no campo por um trabalhador. Encontrá-lo, assim como uma pérola, leva-o a comprar a terra, onde ele decidiu esconder o achado precioso. Fato semelhante ocorre em nossos dias, basta encontrar minério ou gás em terras outrora desvalorizadas, como ocorreu recentemente com o norte de Minas Gerais, onde suas terras tornaram-se supervalorizam da noite para o dia. O tesouro encontrado é sinal de vida. A terra, da mesma forma. O sacrifício torna-se justificável na aquisição da terra até mesmo pelo pobre lavrador. Jesus alude à sabedoria de quem busca incansavelmente o reino pregado por ele. Na tradição do Primeiro Testamento, o livro dos Provérbios diz: “Feliz o homem que encontrou a sabedoria..., mais feliz ainda é quem a retém” (Pr 3,13-18). Reter o reino é fazer dele uma pérola preciosa que o comerciante sai à procura até encontrar. Não medindo esforços, ele vende tudo para comprá-la. Os rabinos contavam uma parábola parecida. Havia um mestre guardava em seu turbante uma pérola preciosa. Passando em uma ponte, a mesma caiu no rio e um peixe a engoliu. O mestre comprava todos os peixes na feira de sua cidade até encontrar novamente a sua pérola. A terceira e última comparação com o Reino de Deus é a rede que o pescador lança ao mar. Mar e rede se encontram na mão de pescadores. O mar é o símbolo do mal. Dele emana tudo que não prestava. Nele morava o leviatã, a força do mal e opositora de Deus. Para eles são jogados os porcos da cidade de Gerasa, ao receberem o espírito mal (Mc....). Nesse último trata-se de uma linguagem apocalíptica: os porcos representam a legião romana – o mal que devia voltar de onde veio, o mar. Não por menos, a pesca exige separar o que presta do que não presta. Assim será no fim dos tempos, Deus julgará a todos pelas suas ações más e justas. Trata-se de uma postura apocalíptica de Jesus. Quem, em vida foi sábio, procurou o Reino e sua justiça, será considerado justo e se encontrará com Deus. Para quem não agiu assim restará somente a fornalha ardente e ranger de dentes.
O evangelho termina citando uma figura importante na sociedade daquela época, o escriba. A comunidade judaica-cristã de Mateus lhe confere a autoridade de seguidor do reino, de pessoa que deveria, assim como deveria ter feito Salomão, usar sabedoria para distinguir entre as coisas da tradição judaica e aquelas que Jesus ensinava. Em outras palavras: o escriba judeu é o novo mestre dos ensinamentos de Jesus à luz da tradição judaica. Uma complementa a outra.
Complementando ao que foi dito nas leituras acima, esse pequeno trecho da carta aos romanos nos remete a dois temas referenciais de nossa fé cristã. O primeiro deles se liga a Gn 1, 26 imagm e ustiiccao pela Fe.
III. PISTAS PARA REFLEXÃO